sexta-feira, 25 de junho de 2010

O projeto Canvas: um jeito britânico de TVWeb, meu caro Watson


Quem acompanha este blog merece um pedido de desculpa. Não consegui tempo antes para responder ao instigante post de Mylena.

Arrependido e contrito (mas com o chicotinho do autoflagelo aposentado, pois é fora de moda), retomo minha missão aqui, depois de um longo inverno (não tenebroso, pois houve dias de sol).

Acho que já resolvemos os problemas de interferência dos mitos John Malkovitoso e Dominiques Woltieiros. Sejam eles felizes e "putizes" (neologismo derivado da aglutinação da frase: "Putz, sejam felizes!"

Quanto às posições de minha partner My, pego o mote, mas não o rebote.

Vamos então comentar uma iniciativa que acontece no Reino Desunido (ooops, UK, para os globalizados!). Ali, em terras que viveu o mito chamado Shakespeare e a lenda conhecida como Rei Arthur, rola um projeto batizado de Canvas.

Nada mais é do que uma iniciativa que junta BBC, ITV, Channel 4 e alguns provedores de internet. O objetivo (ambicioso e visionário): combinar o conteúdo brodcast com o broadband, entregando tudo isso por meio da televisão (e não do computador).

Mais detalhes em http://www.projectcanvas.co.uk/

Pelos players envolvidos, a coisa promete ganhar tamanho. Para que funcione, é preciso instalar um set top box na entrada do sinal. Isso vai permitir a interatividade.

É por aí que começamos: isso é uma TVWeb, certo? Só para a gente ter uma nomenclatura. Nos próximos posts, teremos condição de falar de projetos de WebTV.

(Só para a gente se entender, vamos convencionar assim:Web TV, TVIP, ou TV na Internet é a transmissão de uma grade de programação pela internet.TV Web é ou Internet na TV é o acesso do conteúdo digital para a TV.)

Nesse tipo de projeto (como o Canvas), o interessante é o casamento dos players. A My perguntou se as teles podem produzir conteúdo. Eu faço como os judeus espertos: pergunto "por que não?".

Isso significa abertura de novas frentes de trabalho, renovação das ideias, aproveitamento da banda larga de uma maneira mais rica, quebra do monopólio das TVs abertas (aliás, que fantástica a iniciativa do movimento #DiaSemGlobo, independente da adesão ou não), etc.

Caminhamos para algo revolucionário. A alteração da interface gera a possibilidade da interatividade, que pode ser mínima, média ou máxima. Obviamente desejaríamos a última. Mas esse é um fator que depende muito dos investimentos e da visão empreendedora. É claro que, do outro lado, são os TVWebnautas ou os WebTelespectadores que terão a palavra final.

O que pegar, o que cair no gosto do povo, certamente será o modelo hegemônico.















segunda-feira, 7 de junho de 2010

Nem dominiques nem malkoviches, vice-versa, credo-cruz!



As erratas devem ser rápidas e esclarecedoras. Pois bem, aqui vai uma: Mylena não é Wolton nem Malkovich! Ela é Peron... E isso faz toda a diferença.

Estamos aqui, eu e ela, tentando fuçar o futuro e bisbilhotar o presente. As ferramentas que usamos para isso são nossos livros e mestres. Apesar de ter sido acusado de “ladrão de livros” (e aqui acho que mereço uma errata no post da moça), confesso que sou apenas e tão somente um “locatário de ideias”.

Não me filio a nenhuma escola nem a nenhum guru. Pois as escolas são “clubinhos” e os gurus também morrem. Além do mais, como disse Marx (não o Karl, mas o Grouxo), “não entraria para um clube que me aceitasse como sócio” (o Woody Allen a falou em um dos filmes e acabou roubando a autoria, como um legítimo “ladrão de frases” :) kkk


Hoje, então, deixemos de lado dominiques e malkoviches, e vamos nos concentrar em torianos-tagiliescos e mylenices peronescas :) kk

Eu e a My não nos propomos dono e dona da verdade. Nem iremos aqui defender “clubinhos” acadêmicos. A gente se dá o direito de buscar. Seremos, portanto, “buscadores de uma verdade”. Que verdade é esta? ainda não sabemos, pois não a encontramos.

Mas ela (a verdade) está aqui, latente em nossas indagações e inquietações. Cabe a nós e a você, que nos lê, achá-la -- ou refutá-la.

Aberto ao debate, deixo uma frase que não sai da minha cabeça:
“A nova interatividade é a mãe de novas mídias e o pai de novos tipos de narrativa”.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Uma noite no museu da interatividade



Oi, Mylena:

Monsier Dominique Wolton pode sorrir em sua cadeira no Institut des Sciences de la Communication du CNRS. Você está bem acompanhada, minha cara. Ele não chega a usar a MTV nem o João Gordo, mas tece o mesmo tipo de argumento que você.

Para ele, a TV já tem interatividade. Só que ela não é imediata. Ele até defende aquele tempinho que existe entre a exibição do conteúdo e a ação que provoca no telespectador.

Mas suspeito que essa cabeça "televisiva" se recuse talvez a ver a verdadeira revolução das "interfaces". É só uma suspeita, mas há fortes indícios. À maneira do detetive Hercule Poirot (da Agatha Christie), vamos atrás de desvendar esse mistério :) kkk

Antes de prosseguir, My, acho muito pertinente a sua sugestão no final do seu último post. Sugiro que valha para mim e para você. Quando fizermos citações aqui, vamos tentar contextualizar e apresentar os nomes a que nos referirmos. Isso é um exercício legal de síntese.

Como twitteiro, adoro tentar resumir coisas complexas (tipo: "resuma a obra de Monsier Dominique Wolton em 140 caracteres"). Sim, sabemos que não esgota o assunto. Mas é uma preciosa contribuição às pessoas que nos leem. Devemos sempre pensar nelas. Ninguém tem obrigação de conhecer tudo.

Aliás, é o contrário: precisamos ser humildes e reconhecer que temos muito a aprender com todos. Por isso, pessoal, comentem. Coloquem suas dúvidas, suas indagações, angústias, perguntas, conceitos, opiniões, etc. Enfim, metam o bedelho sim.

A professora Maria Lúcia Loureiro faz uma “breve reflexão sobre interatividade” usando o conceito de “obra aberta” do Umberto Eco. Quanto ao “breve”, sim, ela está dando uma de modesta. Sua abordagem tem densidade. Ela coloca tudo isso relacionado com as exposições em um museu. Acho que ela adoraria o filme “Uma Noite no Museu”, hilariante!, estrelado pelo Ben Stiller, com Robin Williams roubando a cena no papel de um general apaixonado por uma índia linda (não me lembro o nome da atriz).

Bem, humpf!, voltando ao assunto, fugimos para o museu, mas não esquecemos a TV. O conceito de “obra aberta” do semioticista Umberto Eco (sim, aquele mesmo do “Nome da Rosa”) é que nenhuma obra é fechada em si mesma. A ela falta sempre um pedaço. Que pedaço: a parte do leitor, do espectador, do telespectador (no caso da TV). Para chegar ao conceito de interatividade, é um pulinho.

Talvez a My e Monsier Dominique Wolton estejam certos. A linguagem da TV continuará a mesma (com sua herança do cinema). Mas só enquanto rodar num aparelho televisivo (seja um tubo catódico ou o nosso liquidificador televisivo – por falar nele, alguém quer patrocinar?? :)kk – Adorei a sugestão da My do patrocínio!)

Voltando às vacas pretas e aos gatos brancos, a linguagem nessa nova interface (WebTV ou TVweb) impactará de maneira radical o modo de produzir TV. Por quê? Porque será preciso contar com a interatividade imediata do telespectador (não a interatividade meia-boca, reflexiva, intelectual de Monsier Wolton).

My, a palavra é toda sua. E de quem mais quiser comentar!

Bom feriadão para todos!